Amigos, quero fazer uma confissão: faltou coragem para atualizar meu blog. Confesso que fico emocionado cada vez que faço o relato que que houve naquele penúltimo final de semana de novembro.
Estava em Pomerode, fazendo trabalho duplo para a FMD e para a CCO dos Jogos Abertos.
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No final da noite de sábado, dia 22, comecei a sentir na pele os reflexos do que estava ocorrendo em Blumenau. A casa da minha noiva começa a receber ameaça de enchente.
Fiz uma tentativa frustrada de retornar. Sozinho, dirigindo meu Gol, cheguei na divisa de Pomerode com Blumenau e me senti um verdadeiro Asterix. O céu parecia querer desabar sobre minha cabeça. A quantidade de chuva, a partir da divisa de Blumenau, parecia me avisar para alguma coisa. Fui teimoso e insisti. Mas não fui muito longe.
Fora alguns pequenos deslizamentos perto da rodovia e alguns trechos com água, especialmente perto da Karsten, onde também passei sobre uma fiação caída, me vi obrigado a retorna quando cheguei na Posthaus. Iria ficar preso entre as duas cidades se não voltasse naquela hora.
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Já na madrugada, nova ligação da Muriele. Ordenei, então, que imediatamente, pegasse sua mãe e as meninas e fossem para minha casa, no Bom Retiro.
Meu pai já estava um tanto nervoso, no contato telefônico que mantive naquela madrugada. Mas, como sempre costuma fazer, não me contou para me poupar. Prontamente, aceitou abrigar as meninas, a Muri e a sogra.
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A tensão continuou na noite seguinte. Agora em minha casa, onde nunca imaginei que pudesse ocorrer deslizamentos. Por sorte, na minha casa, apenas na lateral. Mas os estragos na rua foram grandes. Somente num trecho, foram retirados mais de 300 caminhões de lama. Duas casas cairam e pelo menos umas três estão ameaçadas.
Bom, retornando a Pomerode, não posso esquecer a aflição, em busca de abrigo. Nunca um telefone celular foi tão útil.
Com o cancelamento dos Jogos Abertos, a frustração foi grande. Mas nada mais poderia ser feito. Não havia mais clima.
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Só consegui retornar na terça-feira. Deixei todos os meus pertences e equipamentos no hotel, em Pomerode, e peguei estrada. O que vi no caminho de volta foi um cenário desolador, bem típico de guerra. Desmoronamentos, sinais da enchente e casas caídas. Fui direto para minha casa. Queria saber a dimensão do estrago.
Não preciso nem escrever qual o sentimento. Mas procurei manter a calma e o foco. Meu pai precisava de minha ajuda. Estava sozinho, absolutamente! Minha mãe estava hospitalizada já havia uns 15 dias e pouco, ou quase nada sabia do ocorrido. Procuramos poupá-la para que se recuperasse logo de um início de pneumonia. Fato que complicou ainda mais seu complicado sistema respiratório.
A primeira decisão, em conjunto com meu irmão e meu pai: se ganhar alta, iria para casa do meu irmão, em Balneário Camboriú.
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Bem, passado quase dois meses da catástrofe, reuni coragem para apresentar relatos que que se passou comigo e com toda a equipe da Fundação de Desportos, naqueles dias.
Também quero tornar público alguns agradecimentos.
É evidente que o espaço não permite mencionar todos e os motivos dos agradecimentos, mas se faltou alguém, peço desculpas antecipamente
Quero fazer um agradecimento especial as seguintes pessoas: aos companheiros do RC Hermann Blumenau, citando o Sérgio Souza e seu irmão Rui, ao Sérgio Correa, ao Jair Barni; Edélcio Vieira (Tcheco); o Sérgio Silva; ao Raulindo; ao Labes; o Dr. Testoni; ao Perci; o Lucena; ao Max Mohr e, por fim, ao Schreiber (Tascibra). Vocês foram fundamentais para que eu pudesse superar este momento complicado.
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Queria agradecer o apoio de meus amigos e aos companheiros de trabalho da Fundação de Desportos. Também a disponibilidade de vários profissionais e órgãos da Prefeitura: Balistieri, Marcelo, Jonas, os geólogos, o Marcelino, a Edna, o Negredo, o Eder Marchi e o Dutra.
Bem, era isso, convidando-o para fazer a leitura do relato abaixo. Uma pequena contribuição para a história de nossa cidade e com as gerações futuras.
até mais.
5 comentários:
Na delegação de Concórdia que estavas no bairro Tiroles,muito choro,apreenssão com oque estava aconteçendo alguns celulares não pegavam dependia muito do local aonde estava,após o cancelamento muitos atletas,ficaram sem entender porque,como,que maneira,até não assistirem a tv,acessarem a internet,mas vi nos olhos de nossos atletas que o dever foi cumprido,medalhas foram ganhadas no suor,mas na segunda feira pela manhã o acesso até o bairro estava bem prejudicado caminhos auternativos nos fizeram chegar até la,mas vimos que lá felizmente ocorreu tudo bem água não afetou,mas nós da imprensa que trabalhamos,estavamos no hotel Timbó Park,fcamos sem água,ilhados no hotel,sem lavanderia por ela ter sido atingida,mas ficamos,aqui na lembrança boa,que os JASC foram os melhores até agora,e fica na certeza que um dia voltaremos a essa terra tão amada e querida para fazer mais uma vez uma linda competição!
Boa noite !
Primeiramente, parabéns pelo seu trabalho, que já vinha acompanhando há tempos pela imprensa, e agora também descobri seu blog. Já o coloquei como um de meus favoritos, e gostaria de pedir sua permissão para eventualmente usar algum conteúdo daqui em meu blog, citando a fonte obviamente. Meu blog é o www.novablumenau.blogspot.com Terei grande prazer em ve-lo por lá.
Grande abraço.
Márcio
marciovolkmann@hotmail.com
Foi um dos piores momentos da história de Blumenau e de seu esporte por consequência, mas o trabalho e a dedicação de todos que amam o esporte vão tornar BLU mais forte ainda. Valeu Giovani, muito bem escrito. Abraço.
Pois é amigo...teus relatos mostram toda a situação que envolveu estes Jogos Abertos.
Tivemos problemas também para retornar, mas mesmo assim fomos felizes em poder chegar em casa na terça-feira.
Pelo percurso vimos a calamitosa situação de Blumenau, Gaspar, Brusque e Balneário Camboriú, locais por onde passamos para seguir ao nosso destino.
Entretanto, louve-se o teu trabalho, bem como de todos que tiveram participação da organização do evento. Parabéns.
Este comentário acima é de Wilson Wiese, que deu uma furada no encaminhamento do comentário...
Uma braço amigo,
Wilson Wiese
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