Toda vez que eu vejo um colega de imprensa reclamar que não conseguiu falar com uma "celebridade", um empresário ou um político na berlinda, me questiono sobre a minha profissão.
Infelizmente, os chamados "Promoters" ou "Relações Públicas" estão confundindo "alhos com bugalhos". E na falta de um assessor de imprensa profissional, vend0-se em apuros para dar a notícia, meus colegas de imprensa acabam sendo submetidos ao constrangimento de lidar com profissionais inexperientes, recém saídos (quando não ainda em curso) de cursinhos de publicidade e propaganda, relações públicas ou de jornalismo caça-níqueis. Cursos, em sua maioria, que ensinam apenas a teoria. Na prática, o negócio é mais embaixo. Muito mais complexo.
Mas são baratos para o mercado. Fazer o que? Concorrer? Fazer leilão para ganhar o trabalho? Com 20 anos nessa brincadeira, não entro mais nessa. Quer trabalho de qualidade? Tudo tem um custo/benefício.
Na edição desta segunda-feira, em minha leitura matinal obrigatória, da Coluna Contracapa do SANTA, sempre bem editada pelo amigo Cristiano Santos, minha indignação novamente veio a tona.
Vale a pena dar um tiro no pé?
Oras, para que contratar uma celebridade se você não pode explorá-lo, promovendo seu negócio?
Do que vale tanto investimento, se ele é contratado apenas para subir ao palco, cantar ou exibir seu corpo, se negando a interagir com público presente?
E o meio mais simples e rápido é por intemédio da mídia.
Sim, concordo! Jornalista não costuma ser amigo do assessor das celebridades. Falta realmente habilidade por parte deste que, na maioria das vezes, é um "puxa-saco" de plantão. O que falta é um assessor de imprensa ao evento ou ao promotor local. Um profissional isento de paixões.
Já prevendo todo tipo de dificuldade, cabe a este profissional planejar antecipadamente todas as ações e orientar o assessorado e a imprensa. Isso evitaria constrangimentos.
Assessor de imprensa precisa agir como facilitador para os profissionais de imprensa e não como uma "Muralha da China", e por comodismo, se aliando ao desejo egocêntrico do assessorado ou da "estrela" contratada pelo assessorado.
Se é pessoa pública, não pode se negar a conceder uma entrevista, atender a imprensa. É algo antipático e um tiro no pé em qualquer ação de marketing. E ninguém joga dinheiro fora, patrocinando um projeto furado.
O assunto é amplo e vai merecer outras postagens futuras, mas por experiência própria, vou me arriscar a contrariar algumas teses equivocadas de alguns "entendidos" em marketing em eventos de nossa cidade. Algo cada vez mais comum por aqui:
Nem deveriam vir
"Celebridade" que costuma menosprezar os profissionais de imprensa, especialmente aqueles que não trabalham na mídia do eixo Rio-São Paulo, nem deveriam vir para nossa cidade. Artista, político ou empresário que não quer dar entrevistas, fugir e dar bolo na imprensa, evitar falar de assuntos polêmicos ou matar jornalista no cansaço, deveria se transformar num monge budista e se isolar no Tibet.
Acerto é contratual
Quando do acerto contratual com uma "celebridade", deveria haver uma cláusula obrigando esta "estrela" a reservar um tempo em sua agenda para uma entrevista. Antes ou depois do compromisso contratado. Se não está previsto no contrato, com feeling, o assessor de imprensa local vai convencê-lo desta necessidade.
Não é trabalho para novatos
Deve, sim, ter a orientação do assessor da "celebridade". Mas a organização do encontro com a imprensa da cidade deveria ser feita por um assessor local, com experiência reconhecida. Nada contra estudantes ou recém formados, mas isso não é coisa para inexperientes.
Cada um na sua I
Promoter promove a festa. Não faz contato com a imprensa.
Cada um na sua II
Assessor de celebridade não é assessor de imprensa. Muito menos os guarda-roupas que costumam contratar e que se acham a última bolachinha do pacote.
Tenha um assessor local
Se não tiver assessor de imprensa no check-list, cabe ao promotor contratá-lo (um local que conheça todo mundo, preferencialmente) e obrigar esta "celebridade", contratualmente, a atender todas as estratégias de marketing propostas. Está recebendo, portanto, o promotor tem o direito de expor sua imagem para promover seu evento ou negócio.
Estrelismo é corriqueiro
No caso do Bela Vista Country Club, não me surpreendi. O que aconteceu com o Fábio Jr. vem ocorrendo há vários anos em nossa cidade. Dá a impressão, inclusive, que alguns promotores trazem shows para satisfazer apenas o seu ego ou realizar um sonho de criança. E dane-se o resto.
Onde estavam os assessores?
Me surpreendeu, sim, um fato. Pelo que pude apurar, o show tinha pelo menos dois assessores de imprensa locais. Um representando o clube. Outro contratado pelo patrocinador. E nenhum deles realmente cumpriu sua tarefa.
Foram até Gaspar para assistir ao show!
Perderam a chance de promover seus assessorados. Assim, justificariam assim o investimento em seus honorários e no cachê pago ao Fábio Jr. Sim, pois mesmo sendo um cantor das antigas e que nos últimos anos só aparece na mídia graças aos seus inúmeros casos amorosos de curta duração com ninfetinhas, patricinhas e playmates, o homem que canta "Caça e Caçador" não cobra pouco para fazer suas exibições sisudas, com cara de poucos amigos. Canta bem, apenas!
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